jeff barbato

jeff barbato | artista visual

ZONAS DE SOMBRA – O reto e o orgânico: discussões sobre a ideologia da linha.

O pensamento ocidental, ao longo de sua história, estabeleceu um antagonismo entre os elementos da natureza e os da cultura. Diante de uma postura de dominação em relação à paisagem, o Homem ocidental impôs sua forma – moderna e reta – de modo a superar os movimentos caóticos e imprevisíveis do universo. Por outro lado, podemos observar como outros povos se relacionam com a paisagem. Muitas culturas indígenas, por exemplo, interagem com a paisagem de forma horizontal, dialogando com os fluxos da natureza: marés, temperatura, umidade, movimentos da flora e fauna, etc.
Esse contraste entre formas retas da modernidade e as formas orgânicas da natureza reflete não apenas uma diferença estética, mas também uma diferença em sua densidade subjetiva. As formas retas tradicionais da cultura branca ocidental estão ligadas a uma mentalidade patriarcal e violenta, da qual impõe sua ordem e controle sobre o Outro. Essas linhas retas são expressões de poder e dominação, uma tentativa de subjugar e moldar a natureza de acordo com a sua vontade. Podemos observar sua presença, por exemplo, nas obras de Marília Scarabello, onde a compactação de terra em Uma porção de terra #2 (2023) representa um código de barras (referente ao carnê de IPTU) que indica o quanto optamos por explorar a terra em vez de cultivá-la, agindo como grandes extrativistas interessados exclusivamente no seu valor monetário.
Temática também recorrente na série de Caró, intitulada Vende-se (2020). Nela, o artista se apropria de placas imobiliárias e realiza intervenções de desenhos de vegetação sobre elas. A proposta é refletir sobre os espaços de especulação imobiliária, que por questões financeiras permanecem em ruínas por conta da ausência de interesse de compra. A situação, são argumentos e discussões de extrema importância, sobretudo no Brasil, no que tange os movimentos de reforma agrária e de ocupações da luta por moradia nos centros urbanos. As imagens apresentadas por Caró são contrastantes. Mostram o simbolismo da especulação capital do território contida nas placas de “aluga-se” ou “vende-se” nos imóveis e terrenos, com os “matos” que nascem nas frestas das ruínas abandonadas e nos espaços baldios.
No trabalho, Formação/De-formação (2022) de Jeff Barbato, podemos relacionar o corpo como território, perspectiva presente em muitas culturas originárias. Nesses desenhos, observamos o processo de deformação de um embrião, e ao relacionar o corpo com o espaço, passamos a questionar a forma como sociedade objetifica, seleciona, controla espaços e corpos para que sejam aceitos em seus padrões pré definidos dentro de uma lógica patriarcal e produtivista. Este controle também é aparente na série Você poderia por favor não me encarar dessa forma (2021) de Nathalia Favaro. Nela, temos uma gravura em que representa um corte longitudinal do tronco de uma árvore e linhas ortogonais retas que indicam as formas que as madeiras terão para sua comercialização. Dessa forma, as linhas têm como estratégia garantir o máximo de produtividade e mais valia para sua comercialização.
Fica evidente nesses trabalhos o modo como a linha reta traz uma lógica de dominação territorial, patriarcal e capitalista. Por outro lado, as formas orgânicas presentes na natureza representam uma relação de alteridade e dialógica. Elas reconhecem a diversidade e a interconexão de todos os seres vivos, respeitando a autonomia e a liberdade de cada um. As linhas orgânicas não buscam impor uma ordem rígida, mas se adaptam harmonicamente ao ambiente, criando espaços fluidos e acolhedores. Em Intervalo (2019), de Nathalia Favaro, temos um vídeo que mostra a artista na floresta amazônica, tentando registrar as formas das árvores e plantas por meio de suas sombras realizadas por meio de raios de sol que adentram na mata e tocam uma folha em branco de formato A4. Favaro realiza uma espécie de anti-fotografia, ao não registrar permanentemente uma imagem pela luz, mas captando – mesmo que em instantes – as sombras dos seres vegetais da floresta.
Embora o antagonismo possa funcionar de maneira resumida, as relações entre cultura e natureza são muito mais complexas e borradas. Em certa medida, existe uma zona ambígua em que ambos elementos se interseccionam. Na série Uma inesgotável escavação (2023), de Jeff Barbato, o artista representa, através do aço oxidado, o desenho do Ribeirão dos Meninos e do Ribeirão dos Couros – ambos rios localizados na cidade de São Bernardo e que estão completamente soterrados pelo concreto da cidade. Em Terra Rasgada (2022-23), o mesmo material e técnica são utilizados, mas a linha deixa de representar o rio e passa a designar as linhas das ferrovias sorocabanas. Dessa forma, Jeff Barbato coloca lado a lado o rio e a estrada como duas importantes tecnologias da humanidade: natureza e cultura sendo localizadas de maneira horizontal.
Algo semelhante pode ser constatado nas produções de Ginna Jorge. Em Corpobioma (2019-20) a artista apresenta uma sequência de quatro fotografias em que visualizamos um corpo vermelho deitado compondo junto com rochas. Por mais que o vermelho faça o corpo saltar para frente do nosso olhar, existe nesta composição – além da planaridade imagética – uma horizontalidade entre figura humana e “paisagem”, como se a forma humana subjetivasse a rocha e vice-versa. As possibilidades de reflexões adquirem mais camadas ao percorrer por outro trabalho da mesma artista intitulado Artefato para ouvir o murmúrio das pedras: Murmúrios do quartzo rosa (2019-20). Trata-se de um áudio realizado a partir de captação das texturas de um quartzo rosa, por meio de um piezoelétrico e posteriormente, sintetizadas e editadas digitalmente. A proposta é constituir diálogos e escutas não-humanas de minerais e discutir as formas como podemos desconstruir as perspectivas antropocêntricas da nossa sociedade patriarcal. Ginna Jorge consegue propor outras perspectivas de subjetividades não hegemônicas com a natureza, e além disso, insere a tecnologia como aliada para realização de coalizões entre seres. Natureza, cultura e tecnologia, são substantivos, que aqui não fazem mais sentido: intersecção entre linhas orgânicas e retas.
Se os trabalhos da artista indicam possibilidades de diálogos com seres não-humanos, mais especificamente com os minerais, Higo José traz uma série de produções de bordado, em que a linha orgânica representa figuras associadas às pinturas rupestres. A ausência de perspectiva, pontua o plano bidimensional ausente de hierarquias (em cima, embaixo, primeiro, segundo, etc.), dessa forma, o que temos são povoamentos de ícones bordados que podem representar tanto animais quanto formas humanas e/ou vegetais. Em Onça de Chiribiquete (2022), temos como figura central da imagem, a onça rodeada por outros animais. Tanto a composição, como a forma de representação atribui para o animal, uma subjetividade da qual podemos relacionar com as noções de perspectivismo elaboradas pelo antropólogo Eduardo Viveiros de Castro. Nela, o antropólogo argumenta a horizontalidade entre seres a partir da perspectiva indígena, de modo que todo animal, carrega uma “humanidade”.
As linhas orgânicas, são contraprodutivas, não são econômicas justamente por variarem a trajetória entre dois pontos. Elas são deslizantes e não confiáveis por sua imprevisibilidade. Porém, ela possui uma energia negativa, fagocitante e acolhedora. Trata-se de movimento de alteridade, onde se preocupa menos em direcionar e atuar, do que ouvir e receber. Sua ação deriva sempre de uma resposta a outra, de modo que se torna um eterno diálogo. Dessa forma, as linhas orgânicas discordam da monocultura, pois dentro de sua perspectiva, a diversidade é um caminho que amplifica as possibilidades de diálogos, e de potência criativa. A filósofa e ativista indiana, Vandana Shiva, discorre sobre a metáfora da monocultura não se tratar apenas de um fenômeno agrícola, mas se expande para as nossas relações pessoais, uma “monocultura da mente”. Se quisermos permanecer de maneira saudável neste universo, é preciso ouvir e obter colaborações com outros seres, abdicar da monocultura e aceitar a diversidade – que possamos permear o nosso cotidiano e perspectiva com um pouco mais de linhas orgânicas.

ALLAN YZUMIZAWA Curador convidado, junho de 2023

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TERRA RASGADA

 Na maioria dos trabalhos apresentados nesta exposição, temos como elemento formal de destaque, a linha. […] A linha também é recorrente nos trabalhos de Jeff Barbato. Contudo, ela se apresenta a partir de uma pesquisa sobre o lábio leporino – fissura na boca que surge a partir da formação durante o desenvolvimento do embrião de mamíferos. Barbato busca, portanto, investigar a forma da fissura como maneira de estabelecer uma conexão do corpo com a paisagem. Como exemplo, temos o trabalho uma inesgotável escavação (2022), composta por uma linha feita de ferro que representa a estrada de trem sorocabana. Este elemento é chumbado numa fissura na placa de cimento de modo que encontramos 6 módulos ligados pelo desenho da estrada de ferro. Neste caso, a mesma linha que é responsável por conectar estas placas, configura-se como uma fissura que as corta. Há uma presença da ação do tempo no trabalho, de acordo com o elemento do ferro que aos poucos, vai enferrujando e modificando sua cor e textura, como nas monotipias céu da boca (2022) onde o ferro também é induzido a um processo de oxidação. Dessa forma, os trabalhos raio rio #3 (2022) e uma inesgotável escavação (2022) apresentam a linha como elemento ambíguo e paradoxal: uma fissura violenta que corta e separa dois elementos, ao mesmo tempo em que é responsável por unir dois espaços distintos. […]

Allan Yzumizawa
Curador convidado 
junho de 2022

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O VAZIO ABARCADO

“Pensar requer um espaço entre no qual possam circular forças de corpos animados.”
Heinrich von Kleist

 Aline Moreno e Jeff Barbato ocupam o Museu da Cidade, na Casa de Vidro – no Lago do Café, em Campinas – com obras que compartilham uma poética visual similar. Ambos apresentam trabalhos que se situam entre o bi e o tridimensional, entre o objeto, a escultura, a fotografia e relevos que se projetam da parede, do chão e do espaço. A própria espacialidade do local, que insere o exterior no interior, e vice-versa, serve de abrigo para um diálogo no qual as obras exibidas não fecham-se em si mesmas, mas ao contrário, estabelecem uma conversa com o espaço e com a percepção que temos dele. Ambos discutem a representação da natureza, da paisagem por meio de operações poético-visuais que remetem à cartografia. Mas não aquela que entendemos como a representação geométrica plana, simplificada e convencional da superfície terrestre ou de parte dela. Eles, de certa maneira, exibem – cada um ao seu modo – um trompe l’oeil, expressão francesa e um recurso técnico-artístico empregado com a finalidade de criar uma ilusão de ótica para “enganar o olho”. Lembro de uma frase do Italo Calvino: “Quem comanda a narração não é a voz, é o ouvido”; parafraseando o autor italiano, quem comanda a observação não é o olhar, mas o olho. Aline e Jeff nos fazem ver fragmentos, fraturas, formas esvaziadas e cheias, esburacadas, e outras que sustentam, como se essas composições abrissem uma passagem que também é uma paisagem. Uma cartografia em cuja superfície repousa o tempo e suas fissuras. Mas não é só o que está sob e sobre que está em jogo, mas também o entre. As proporções, as distâncias, o equilíbrio, as espessuras, a gravidade, profundidade, a frontalidade e a lateralidade são as ferramentas que os artistas usam de reflexão e representação das coisas e do espaço.

O espaço mnemônico | Não é à toa que, segundo o filósofo francês Merleau-Ponty (1908-1961), “o espaço não é um ambiente (real ou lógico) em que as coisas se dispõem, mas o meio pelo qual a posição das coisas se torna possível”. Para ele, e também para Aline e Jeff, o espaço – o lugar – não é algo que se impõe, ao contrário, se constrói a partir da experiência humana. Ele só existe se houver um sujeito, o espectador/observador que o construa. Com o seu olhar e pensamento. O repertório de formas dos artistas, em seus relevos, esculturas e fotografias constituem dispositivos mnemônicos, que se relacionam com a nossa memória. O que vemos são pedaços de uma cartografia afetiva na qual o vazio é abarcado e ilumina zonas de sombras da nossa memória. É uma demonstração topológica que incorpora a imagem, a representação do vazio, da paisagem, da passagem do tempo e suas rasuras na pele das coisas, em uma organização sutil que envolve uma troca de reciprocidades entre a ausência e a presença. Ambos falam também sobre como as formas podem tensionar as relações com o espaço, e como se ao mesmo tempo o redesenhasse. Jeff e suas rachaduras que povoam incompletudes, ao projetar o chão em toda sua frontalidade nas paredes, ou ao elevá-lo sobre o piso existente da Casa de Vidro, o desloca para outro patamar, criando um “palco”, um lugar de suspensão do real. Além de trazer à tona, apontando, direcionando nosso olhar para o chão para a terra, que está usando um pensamento, uma estratégia mais aristotélica do que platônica.

A inteireza das coisas: a pluma e o tijolo | As esculturas e fotografias que Aline exibe carregam por si só um sentido poético, transitório, que ocupa um lugar impreciso no espaço. Como que aliviadas do seu peso, suas colunas carregam a delicada densidade de uma paisagem. Em sua imponente e enigmática escultura central, o branco do gesso que usa denota uma assepsia na escultura criando uma paisagem circular e anônima. Afinal, qual é a paisagem, de onde ela vem e para onde vai? Ela cria uma figuração que traz em si um anonimato e uma “impessoalidade altiva”, expressão que o Rodrigo Naves usou em um ensaio sobre o Antonio Lizárraga. Ambos representam a inteireza das coisas por meio do chão fendido, rachado, trincado, das ranhuras, das junções e interposições, da repetição que se conectam, se ligam. São cavidades, cortes, fendas, interrupções, sulcos, vãos, vazios preenchidos? A superfície que vai além de ser limite, fronteira de algo ou do seu eixo, a axialidade do traçado urbano. Eles mimetizam na Casa de Vidro o ambiente, o entorno, a cidade. Os lugares deslocados do seu local de origem. Aline e Jeff embelezam a opacidade do mundo, o seu azedume, seu pesadume e também sua leveza. Agem como topólogos que vão além da superfície das coisas. Revelam a tensão entre a [des]ordem e o acaso. Há nestes trabalhos uma leveza, aquela que Italo Calvino nos lembra, que a precisão, no antigo Egito, “era simbolizada por uma pluma que servia de peso num dos pratos da balança em que se pesavam as almas”. Essa pluma era chamada de Maat, e seu hieróglifo indicava também a unidade de comprimento, “os 33 cm do tijolo unitário”. O que antes era privado de espessura, a superfície em si, a paisagem, passa a ter profundidade, ganha uma nova representação em obras que abrigam elementos de fratura nos quais a cidade deixa de ser um todo. Eles desconstroem a estrutura tradicional das aparências. Suas obras são representações estéticas do território no qual a geometria euclidiana, das superfícies, é posta em xeque-mate.

Linguagético | O trabalho do artista, do curador e do “crítico” tem algo de linguagético como diz o Georges Didi-Huberman, pois estabelecem uma “articulação dos signos em significantes visuais e significantes verbais e discursivos implícitos que, em última instância, constituem o sentido da imagem”. É como uma visualidade falante. Aline e Jeff apresentam essa visualidade que fala, por intermédio de uma produção sem uma única topologia, é como se a arte fosse, e é, seu próprio lugar. Na verdade, o artista é um grande investigador que (re)cria uma topologia, uma arte que, em si, é seu próprio lugar de dúvida. Talvez o que está em jogo não é propriamente a (des)construção das formas, mas, mais que tudo, a demarcação do espaço, do lugar que suas obras ocupam. O que importa é onde o pensamento, o processo se ancora, não o seu percurso, a sua trajetória. Aqui, Aline e Jeff discutem a consciência de que o resultado final da obra não é o objeto em si, mas é o conjunto de sensações provocadas pelos elementos sólidos, matéricos, pela luz e pelo direcionamento do olhar do espectador que as obras se revelam. Eles revelam o que Robert Morris, artista pioneiro da arte minimalista, afirmava, que a escultura – e o objeto – não poderia mais ser vista como se estivesse separada do espaço, do seu entorno. São operações complementares, uma bem material, formada por elementos físicos, e outra imaterial, na qual abriga – por intermédio representações, imagens, esculturas e objetos – o pensamento e sua [des]construção. Talvez, aqui nesta exposição, Aline Moreno e Jeff Barbato apontem para o que o Paul Virilio, no seu livro “O Espaço Crítico” chama de crise do inteiro, “ou seja, de um espaço substancial, homogêneo, herdado da geometria grega arcaica, em benefício de um espaço acidental, heterogêneo, em que as partes, as frações, novamente tornam-se essenciais”.

Jurandy Valença
Curador convidado | Jurandy Valença é artista, curador, poeta e jornalista. Atualmente é o diretor da Biblioteca Mário de Andrade
maio de 2022

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PROJETO DEMONSTRA

“Meu corpo não é meu corpo, é ilusão de outro ser”
Carlos Drummond de Andrade

 Com práticas e pesquisas se ocupando do corpo que rompe com as formas de normatização para projetar lugares novos de subjetivação e experiência estética, o Projeto Demonstra entende que compartilhar conhecimentos e poéticas é essencial. O corpo não normativo é objeto de discussão na obra de seis artistas que ampliaram, durante a primeira edição da Residência Artística Demonstra-Poéticas Informes, a experimentação, conferindo à criação uma nova proposta. O corpo não é o suporte da arte, mas é sim a total incorporação do corpo na obra e da obra no corpo.
Foram quatro meses de trocas e descobertas. De entendimentos e quebra de barreiras. De inclusão e de acessibilidade a lugares nem sempre facilmente acessíveis. Momentos em que foram questionadas narrativas pessoais e sociais. Como olhar para o corpo deficiente e entender a poética de cada um? Como aproximar o público quando a distância entre artista e observador precisa ser diminuída para que a obra se realize? Não basta ao artista o poder criador e a inteligência, mas que seja um ser social, modificador também de consciências, transformador revolucionário. É preciso que participe de sua época, seu momento, seu lugar no universo. Mais que tudo é o encontro do corpo do indivíduo com o corpo social quando o processo é mais relevante do que o objeto finalizado.
Como o final é também início, começa agora, para esses artistas, uma caminhada ambiciosa. Porque o corpo é caminho. É preciso levar essa afirmação, impregnada de potência, para divulgar um ideal. Que o corpo com deficiências seja, sim, um símbolo de lutas, de vitórias sobre preconceitos e exclusões. Não importam as faltas, as rachaduras, as ausências, as dores. As cicatrizes ficarão para lembrar a superação. E sempre será possível transmitir significados por meio da produção poética.

 Se o corpo é tanto alvo de poder como ator principal de todas as utopias, como nos diz Michel Foucault, para Barbato ele é alvo de questionamentos e percepções. As imperfeições e incompletudes o levam constantemente a lugares bastante iluminados, pois de cada fissura escapa a luz, de cada rasgo crescem possibilidades. O menino da boca rachada, “tão sem boca, tão sem lábios, tão sem fala compreensível” cresceu na procura de outras maneiras de perceber as transformações, de conviver com a diferença e fazer dela uma busca por respeito e acolhimento. As palavras de Conceição Evaristo tocaram fundo em sua necessidade de deixar vir à tona toda a dor interna. Sua poética nasce do corpo, mas caminha por veredas mais complexas. Como rios que separam terras e raios que abrem fendas, a obra de Barbato busca mapear estruturas rachadas. Permeando seus múltiplos trabalhos encontramos a narrativa pessoal trazendo a simbologia do corpo com fissura, o estigma desses corpos marcados pela discriminação e preconceitos. “Busco associações entre corpos dissidentes e as mutações do espaço, as transformações e diversidades da natureza” diz Barbato em suas pesquisas e propostas de trabalho. Em Formação-Deformação, vídeo de 36 segundos, explora a animação para levantar a questão da padronização da formação humana. A quebra do padrão estético ideal é a intenção de Jeff ao transferir as diversas imagens em loop. Suas pesquisas continuam em suportes diversos, buscando as rachaduras impostas ao caminhar, as fendas deixadas por imperfeições que nunca definem, mas sim amplificam. O olhar atento e amoroso encontra a carne viva por trás da cicatriz. E cuida.

Isabel Sanson Portella
Crítica e Curadora da Residência Demonstra
maio de 2022

acesse o texto e exposição a demonstra.

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DIÁFORAS

A palavra ‘elevação’ denota a ação de levar de baixo para cima. É ascensão, protuberância, saliência e subida, mas também é altivez, distinção, nobreza, proeminência. Na topografia uma ‘elevação’ é um termo utilizado para designar a distância vertical de uma localização geográfica até um nível de referência fixo como o do mar, de uma montanha ou planície. Na exposição “Elevações”, Aline Moreno e Jeff Barbato apresentam onze obras que discutem o lugar da paisagem sob suas respectivas óticas, compartilhando ambos de uma poética visual similar, com trabalhos que se situam entre o bi e o tridimensional, entre o objeto, a escultura e o relevo que se projeta da parede com toda sua frontalidade.
Entre recortes e desníveis que modelam a superfície e o suporte das obras, eles criam uma topologia visual formada por margens, limites e fronteiras entre um espaço e outro, entre o vazio e o cheio. Uma zona intermediária que abriga uma ausência presente. Os trabalhos de um espelham os do outro em um diálogo silencioso de espaços compondo uma narrativa de formas que soam familiares ao nosso olhar. São vistas aéreas? Um rio dourado que [re]corta a paisagem? São resquícios, simulacros arqueológicos que abrigam em seu aspecto formal semelhanças a estudos de solos e topografias reais ou imaginárias? São cavidades, cortes, fendas, interrupções, rachaduras, sulcos, vãos, vazios preenchidos?
Ambos usam materiais que abrigam semelhanças em suas funções; o cimento e o gesso, que são utilizados na confecção de moldes e acabamentos de rebocos em construções. Vale lembrar que o gesso é um dos mais antigos materiais de construção, e assim como a cal e o barro, também servia para criar afrescos decorativos, ornamentais desde a antiguidade até hoje. Mas eles também se utilizam de outros materiais como folhas de ouro, parafina, cera de abelha, papel e madeira como se operassem uma alquimia em seus respectivos processos artísticos; aliás, não é à toa que nela o ouro seja o elemento de transformação, que faz analogia à purificação espiritual, que representa a evolução do mundo material para o mundo espiritual.
Aline Moreno e Jeff Barbato discutem a representação da natureza, da paisagem por meio de operações poéticas-visuais que remetem à cartografia. Mas não aquela que entendemos como a representação geométrica plana, simplificada e convencional da superfície terrestre ou de parte dela. De certa maneira exibem, cada um ao seu modo, um trom-pe l’oeil, expressão francesa e um recurso técnico-artístico empregado com a finalidade de criar uma ilusão de ótica para “enganar o olho”. Eles nos fazem ver fragmentos, fraturas, formas esvaziadas, esburacadas, como se essas composições abrissem uma passagem que também é uma paisagem. Uma cartografia em cuja superfície repousa o tempo e suas fissuras.
Talvez o que importa nesses procedimentos matéricos e visuais que se apresentam nesses trabalhos, mais que a [des]construção de formas, seja a [de]marcação de espaços que se situam entre a limitação e a contenção. Aline e Jeff expõem em “Elevações” o que Roland Barthes nomeava de “o terceiro sentido”, uma capacidade de criar outra coisa que não é a que se vê na superfície. Ambos também transportam para suas obras o que Barthes dizia sobre a fotografia, que tem dois lados, dois momentos; o studium, aquilo que se pode ler/ver, decifrar na superfície lisa que registra o visível, e o punctum, aquilo que marca, fere, rasga o que é visto.
Joseph Kosuth já afirmava que a arte na contemporaneidade tomou para si questões acerca do homem e do mundo nas quais a filosofia teria falhado. Não concordo de todo porque sempre me alicercei na filosofia para compreender e interpretar a arte. E a falha, que aqui também me refiro à geológica, também é a ruptura ou cisão que acontece na superfície, e que é responsável pelo deslocamento de suas partes. Afinal de contas, a arte, a obra de arte não é só uma imagem ou um objeto, nem muito menos a evidência de algo. Mais que tudo ela é uma investigação. Sempre haverão mais perguntas do que respostas no que diz respeito à arte. E o papel do crítico, daquele que [des]escreve acerca de um artista e sua obra não é o de elaborar um discurso capaz de organizar e dar um sentido coerente ao seu objeto de estudo. Mais que tudo, é o de promover por alegorias ou metáforas um jogo no qual as apostas carregam em si sempre simbologias.
Aqui, nessas “elevações”, Aline e Jeff criam um diálogo construído por narrativas visuais similares, mas diferentes, o que me faz lembrar da palavra ‘diáfora’, cujo significado é a repetição da mesma palavra com sentido diferente. Em um ensaio sobre Milton Machado, Tania Rivera comenta que para ele a diáfora se estabelece como aproximação e identidade por distanciamento e diferenciação; “a diáfora faz do mesmo outra coisa, faz do dentro do enunciado um fora”.
Como se quisessem refazer, redesenhar o mundo, o espaço, o topos, Aline Moreno e Jeff Barbato elevam a “pele” das coisas reforçando que o mais profundo está, quiçá, na superfície. É do lado de fora que a pele está, e que delimita o interno e o externo, que cria bordas, fendas, sulcos. Como diz Georges Didi-Huberman, “podemos pensar que a superfície é o que cai das coisas […], o que se separa delas”.

Jurandy Valença, primavera de 2021

acesse o texto e a exposição elevações.

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INSTERSTÍCIO

O que há entre os extremos? Não no meio do caminho e nem em cima do muro, mas nas lacunas e fissuras entre os polos opostos? Onde podem residir as dúvidas, as alternativas, os pensamentos não binários? As visões complexas e profundas sobre a existência que extrapolam a cansada dualidade? Artistas revelam aquilo que ninguém vê, dão forma para coisas que não conseguimos pegar, nomeiam o que não conseguimos expressar, e muitas vezes esses olhares recaem sobre o que se dá a ver apenas por meio de estreitas frestas. Esta exposição reúne uma produção exemplar de 11 artistas que, em diferentes suportes, contextos, pesquisas e práticas, se dedicam a pensar como descobrir, revelar, narrar, ou delinear aquilo que permanece despercebido, criando corpos presentes e contundentes para o que antes era latente ou desconhecido.
[…]
O raro olhar de Jeff Barbato, na caminhada, mira não o horizonte, mas o chão, percebendo as rachaduras entre as camadas de cimento, asfalto, ladrilho e pedra, buscando nesses estreitos e rasos abismos encontrar a representação metafórica para as fissuras da vivência, para as fraturas do corpo, para as falhas da memória. Combinando materiais encontrados no percurso dessas deambulações, massas de cimento e frágeis folhas de ouro, opera reconstruções e reintegrações que permitem às peças ganhar uma nova inteireza, sem deixar de expor suas cicatrizes. […]

Julia Lima, outono de 2021

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PERCURSOS

Uma importante característica da arte contemporânea está em olhar de modo diferente para ressignificar aquilo que se vê. Trata-se de um exercício que Jeff Barbato (@jeffbarbato) apresenta em seus percursos visuais. O ponto de partida está no observar e registrar fotograficamente rachaduras encontradas nas ruas.
Em seguida, vem o trabalho de construção visual, em que fragmentos dessas imagens captadas são levadas, com a utilização de laca e folha de ouro entre outros recursos, para diversos materiais reaproveitados, como telas de pinturas antigas, madeiras de forro de demolição, moedas e materiais utilizados em construção civil (cimento, argamassa).
O resultado é a construção de veredas pessoais, mágicas e misteriosas. Únicas em sua concepção, remetem a um andar diferenciado. Não é mais o caminhar dos pés, mas o percorrer as mentes de quem faz e de quem vê. Instaura-se assim um jogo caracterizado por andares existenciais. É do fragmento que se reconstitui um todo existencial.
Cada olhar é um fragmento de possibilidades de percurso. Por ser incompleto, é justamente fascinante, pois é nos passos reais e simbólicos do outro que cada encontro ocorre, com suas perguntas e incertezas, sempre motivadoras a nos ensinar. Afinal, como mostra o trabalho de Jeff Barbato, a maior humildade da arte está justamente em desconhecer limites.

Pílula Visual: percursos, por Oscar D’Ambrosio, 07/12/2020.
Provocação a partir do contato com a obra percurso #07 no 16° Salão de Arte Contemporânea de Guarulhos.

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SENSÍVEL CONTATO COM A DIFERENÇA

Entre a rasura e o tecido, a poética. Da imperfeição nasce a marca de um artista cuja expressão se materializa em formas delicadas e potentes. Da sua pesquisa de conclusão de curso em Artes Visuais, Jeff Barbato faz nascer sua práxis: “Ensaio para uma Fissura – da superfície à profundidade, uma poética ”, e deste trabalho, a mostra in I teiros, que aconteceu em quatro espaços expositivos diferentes: a Galeria FAAC (UNESP), a Galeria Centro Cultural da USP, a Casa Amarela e no Hall de entrada do Teatro Municipal de Bauru. O objetivo do artista foi deslocar o público por diferentes espaços para que esta experiência de ver uma mesma exposição de arte em diferentes lugares fosse significativa para aqueles que se empenhassem rumo à criação de suas próprias fissuras, conforme afirma o próprio Jeff. Uma mostra cujas obras não revelam apenas uma poética, mas a própria experiência dos espaços entre, das fendas, da imperfeição. No seu livro Da Imperfeição (2002), o grande semioticista francês Julian Algirdas Greimas, relata sua investigação que passa do sujeito para os objetos e como o que ele chama de rasura está presente no cotidiano das práticas sociais, dos objetos e dos atos que produzimos e vivemos. Greimas vai empreender um profundo estudo da estesia da experiência humana por meio dos vários modos de recepção estética do gosto, das formas e estilos de vida em nossa sociedade e nos legar uma semiótica da corporeidade, na qual a relação entre sujeito e objeto é articulada pelo corpo por rasuras que se abrem no cotidiano das coisas e da vida ordinária, para revelar o extraordinário, o estranhamento, o sensível. Assim é a obra de Jeff, uma rasura que tecida, costurada ou suturada pela imperfeição nos promove a experiência da fenda, do corte, do entre. Do corpo do artista nasce sua poética. Do corpo das suas obras, experiências da corporeidade sensível e da forma imperfeita. Parafraseando Jeff que afirma “não se trata apenas da fissura externa que resulta numa cicatriz, marcas, meios e camadas. Trata-se de fissuras, no corpo das inquietações, dos rompimentos, obstruções, rupturas internas das quais fui me dando conta conforme minha relação com as artes plásticas crescia e em correlação à minha busca pelo autoconhecimento”. Essa é uma das maiores riquezas do trabalho artístico que se encontram nestas páginas, neste catálogo: a experiência vivida e poetizada da imperfeição e o autoconhecimento de sua potência criativa. Da experiência de curador-artista Jeff nos proporciona seu legado: a mostra In I teiros, na qual se misturam a poética da rasura e a expografia fragmentada entre espaços, entre galerias.

Sejam bem vindos! Boas leituras visuais. Regilene Sarzi Bauru, outono de 2019
exposição in | teiros

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PESQUISA ACADÊMICA PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE BACHAREL EM ARTES VISUAIS

“Para quem rachou e conseguiu manter-se suficientemente inteiro para não sobrar na loucura. Caio Meira”
Ensaio para uma fissura: da superfície a profundidade, uma poética, por BARBATO, J. D. sob orientação de Regilene Sarzi. Pesquisa para obtenção do título de Bacharel em Artes Visuais na UNESP, 2017 – 2019

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A OBRA COMO SINTOMA

Esse texto é fruto de um convite, um texto-convite surgido do contato com as obras e a boa conversa com o artista Jeff Barbato. Não sou crítico de arte, logo não porto o discurso da competência artística e seus domínios. Falo por meio do testemunho. Meu propósito é expor um dizer a partir de uma experiência iluminadora em relação ao fazer artístico; é tentar com palavras descrever o sempre esguio da concretude vivencial. Portanto, tudo o que digo é a partir de um despertar afetuoso de um impacto, um acontecimento singular proporcionado por um artista e por uma obra de arte.
Essa consideração inicial ajuda-me a propor e a defender a perspectiva do testemunho como resistência, uma forma de resistir ao influxo daquilo que é considerado como texto competente, refiro-me aos textos-artigos-teses recheados de ABNT. A tentativa aqui é antes evitar o catálogo do dito e do redito conceitual presente nas instituições do saber. Gostaria de falar com o corpo e não com a régua. Desejo, acima de tudo, não exorcizar a emoção. Esse meu pequeno relato é a sua aposta.
Foi em um dia qualquer, comendo um lanche prosaico e conversando com Barbato. Quando em uma noite de céu claro numa praça onde corriam infantes ao fundo ouvi Barbato falar do Barbato-criança e narrar-me as suas dores, pude ligá-las ao seu projeto artístico. Compreendi a necessidade de a obra de arte portar um sintoma, uma questão, uma causa, um mal-estar habitante do nosso sempre presente-passado-infância. Essa constatação não veio sem a surpresa de um susto, porque os artistas têm disso, de nos desmascarar e tirar-nos as calças em público, de fazer nossas certezas cederem e abalarem. Até então alimentava sentimentos pueris sobre o fazer artístico, via os artistas como verdadeiros artífices de mundos, feito mágicos cujos coelhos saem da cartola sem o menor grau de risco e exposição. Acreditava que os artistas se inventavam ex-nihilo.
Percebi assustado, ao final da noite, a minha própria farsa, pois eu fui uma tentativa artística com fé cartesiana em criar mundos estando ausente, nunca me colocando em questão. Dei-me conta de que o artista está sempre em causa, sua ferida não cessa de fluir, seu córrego nunca é estanque e unidirecional, mas abarcador.
A série in | teiros causa-me essa impressão. Assim como ela, gostaria de pensar que estamos todos suspensos em nossas fendas. Quando digo suspenso, digo: somos sustentados por ela, mesmo escondendo-a e enfeitando-a com cores e roupas de grife. O rasgo e a costura em simbiose são as formas de Barbato dizer-nos a respeito da poética dessa fenda. Não há nada nessa obra de apaziguado ou estabilizado; a ordem e o uniforme estão ausentes. Porque é a partir um de rombo que os artistas escrevem, compõem, fotografam, esculpem, pintam, atuam e falam. É O grito o grande narrador de Munch. A noite estrelada conta-me sobre um Van Gogh ausente dos manuais. As vicissitudes de suas vidas podem nos fascinar, mas limitam-se ao dizível e ao explicável. A grande obra de arte necessariamente distorce a ordem do mundo, rasga essa veste ilusória chamada homem estabilizado (“Quando a fenda abre, quando a cratera aparece, o homem uniformizado cessa”, Juliano Garcia Pessanha¹).
O buraco nunca se fecha no artista, é possível, todavia, estabilizar os significados com as suturas do cotidiano banal. O mundo instituído odeia a desordem espatifada, sopra para longe o rombo, deseja em seu lugar a infinita rigidez requentada e morna. Quando confrontado com a obra de Barbato, tudo o que vi foi essa costura falsa sobre a carapaça de nossa superfície. Sua obra é a ferida exposta daquilo que tentamos desesperadamente empurramos para o debaixo do tapete na tentativa de nos mantermos intactos.
O artista, esse desestabilizador de nosso cotidiano, é aquele provido de um sintoma sugador de todo o seu ser, sintoma este que ele não sabe dizer sem um silêncio perturbador, não porque não possa dizê-lo, mas por não poder pô-lo na ordem das palavras cotidianas. A forma de fazê-lo será somente de maneira fragmentada e entrecortada. Henri Michaux² escreve sobre um vento terrível vindo do “pequeno buraco” do seu peito . É esse pequeno buraco, essa cicatriz aberta, essa fissura, o perpétuo motor da possibilidade de existência da obra de arte.

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1. —  PESSANHA, J. G. “Heidegger e a velha: falar e não falar sobre A origem da obra de arte”. In: Testemunho transiente. São Paulo: Cosac Naify, 2015, p. 267.
2. — “Sopra um vento terrível. / É apenas um pequeno buraco no meu peito”. (MICHAUX, H. “Nasci esburacado”. In: Antologia. Lisboa: Relógio d’ Água, 1999, pp. 34-36).

por Danilo Nakashima, 2018
exposição in | teiros

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“O dia trinca e mostra o seu lado obscuro e os segredos não estão mais seguros como antigamente. Estamos expostos definitivamente. Na transparência que não há, um gosto de que logo tudo vai passar”
Leitura Poética, por José Lairton Picoli, 2018
Provocação a partir do contato com as obras expostas no Visualidade Simultânea II em Bauru.

ATUALIZADO EM 06 DE JULHO DE 2023.