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A série de escudos foi produzida a partir da união do concreto bruto e rachado com pedaços de cadeiras de madeira descartadas. Proponho a fusão entre elementos naturais e industriais, associando texturas, formas e cores e aproximando a dureza do concreto com o aspecto maleável da madeira. O concreto rachado evoca a deterioração e imperfeição dos espaços vazios daquele objeto, representando a natureza efêmera e transitória das coisas, enquanto a madeira trás à tona memórias muitas vezes afetivas, uma carga simbólica, representando a história e a memória desses objetos, que foram descartados e esquecidos, mas que podem encontrar uma nova vida em uma obra de arte. A madeira, com suas marcas do tempo e características únicas, carrega a sensação de nostalgia e conta histórias de seu passado, adicionando profundidade e significado aos escudos. Desafio a percepção convencional dos materiais, mostrando que mesmo elementos aparentemente desgastados, descartados ou quebrados podem ser transformados em algo completamente diferente. Essa abordagem fala sobre a natureza mutável da arte e da vida, onde algo aparentemente “quebrado” se reconstitui mantendo as suas fissuras aparentes. As texturas brutais e as fissuras cavadas no concreto, mais as características orgânicas e as fissuras da madeira, resultantes do processo natural de envelhecimento, provocam a fusão desses dois elementos que se fortificam através das suas marcas tornando-os tão resistentes quanto um escudo.

EXPOSTO EM:
[itinerância] o vazio abarcado, Pinacoteca Municipal, Fundação Pró-Memória. São Caetano do Sul – SP (2023)